sábado, 14 de fevereiro de 2015

O Nariz de Bergerac

Não sou um público fácil para teatro. Se por um lado não procuro as peças mais impenetráveis, experimentais e obscuras, por outro reviro demasiadas vezes os olhos às alegres patetices em cima do palco. Gosto do meio termo, aquele onde por vezes se encontra a virtude e a Companhia do Chapitô. E por isso desconfiava deste Cyrano de Bergerac meio real, meio inventado à luz do romantismo de Rostand.

Ainda assim, porque me lembrava do filme nas aulas do Mário de Carvalho e porque uma noite com amigos não se nega a ninguém, fui ser surpreendida pelo clássico e pelo heroísmo de uma personagem desfeada por um nariz quase tão pontiagudo como a espada com a qual se bate em duelos. Na sua impossibilidade de aceitar que pudesse ser amado apesar do aspecto físico, vi as mesmas barreiras que impomos a nós próprios de todas as vezes que pensamos não ser bons o suficiente. E saí dali decidida a  não ser um Cyrano. Se é para falhar, então que não seja por falta de tentativas.

CYRANO DE BERGERAC
Teatro Dona Maria II
Até 1 Março
Qua, 19h
Qui-sáb, 21h
Dom, 16h